sábado, 14 de novembro de 2009

Poema à moda de Caeiro

Vou entrando floresta dentro,

Na esperança de encontrar algo que ainda não conheça.

Vejo toda aquela já minha conhecida vastidão,

E sinto-a,

Como se fosse a minha vida.

Por entre folhas e ramos,

Atravessam pequenos feixes brancos.

Nada alteram,

O branco como branco que é,

Em nada altera o que vejo.


Não vale a pena procurar nada,

Tudo o que aqui existe, eu vejo.

A natureza nada me esconde,

É só preciso eu querer ver o que ela mostra.


E é o que ela mostra

Que me faz não pensar.

Apesar de nada de novo eu sentir,

Sinto o que já outrora senti,

E nunca me arrependerei de sentir.

O que aqui encontro

Noutro local posso encontrar.

Sem razão para nada existir,

Aqui eu sinto algo diferente.

E sinto-o,

Porque estou aqui.

A natureza é a natureza,

Não passa disso.

Eu sou eu,

Nada mais sou.

Eu observo-a,

E ela deixa-se observar.