sábado, 28 de março de 2009

Menina e moça de Bernardim Ribeiro

“Menina e moça”, um romance de Bernardim Ribeiro, editado três vezes no século XVI, com três títulos diferente. Em 1554 foi editado com o nome de “História de menina e maça”, em 1557-1558 “Saudades” e em 1559 a partir da 1ª edição, incluindo uma segunda, um prolongamento, que apenas se aceita ser do autor até ao capitulo XXIV.
O texto agrega ingredientes de uma novela da cavalaria, do romance pastoral e da novela sentimental. O livro inicia-se com um monólogo de evocação de deslocação e de mudança de vida - com uma Senhora, com a qual discute histórias de amores infelizes, que se intercalam ao longo da acção central da ficção.
Lugar e mudança convertem-se em pólos com uma saudade amorosa comum e um fatalismo do sofrimento, que fazem as histórias intercaladas, ex: “Aónia” e “Bimuarder”, “Arima” e “Avalor”, desenrolamentos insistentes de uma mesma e infinita dor de constantes discrepâncias amorosas. Amor, natureza, mudança e distância são as constantes semânticas deste livro. Bernardim, o primeiro na literatura portuguesa a desprender-se relativamente das convenções da ficção contemporânea para assumir o estatuto de narrativa feminina da solidão e da saudade, e de texto de análise decisiva e cuidadosa do sentimento amoroso, na sua faceta de consagração dedicada e dolorida.

Eurico o presbitero de Alexandre Herculano

Nascido em Lisboa, no ano de 1810, tendo vindo a falecer em Santarém, actualmente encontra-se sepultado no mosteiro dos Jerónimos. Alexandre Herculano pertenceu ao grupo dos primeiros românticos Portugueses, inspirado nas novas tendências literárias românticas, que se faziam sentir nos países por onde passou (Inglaterra e França) durante a sua juventude. Devido à falta de meios financeiros, não frequentou a universidade, tendo-se a sua formação cultural na juventude ficado a dever à Marquesa de Alorna, que o integrou num espírito pré-romântico. É obrigado a exilar- -se em 1831, devido à sua envolvencia contra o regime absolutista de D. Miguel, primeiro para Inglaterra, indo depois para França, países de onde trás as novas tendências literárias presentes nas suas obras. Em 1837 torna-se director da revista “Panorama” e dois anos depois das Bibliotecas Reais da Ajuda e das Necessidades. Entre 1840 e 1851 desiludido com a vida política, dedica-se integralmente a trabalhos literários e históricos. Nos anos seguintes fundou dois jornais (“O País” e “O Português”). É eleito em 1855 vice-presidente da Academia Real das Ciências. Herculano inicia o romance histórico em Portugal. Alexandre Herculano, era uma figura a seguir pelos jovens escritores, devido a muitas atitudes que dava a conhecer, do seu carácter e da sua personagem. O seu nome nunca será esquecido, devido ao trabalho quer como romancista quer como historiador. Herculano, como romancista, deixa-nos como obras principais, “O Bobo” (1843), “Lendas e Narrativas” (1851) e “Eurico, o Presbítero” (1844), sendo esta última a sua maior criação literária. E como historiador, Herculano, deixa-nos 4 volumes da História de Portugal, e “História da Origem e Estabelecimento da Inquisição” (1854). Todos os seus textos dispersos por jornais e revistas encontram-se reunidos nos “Opúsculos” (9 volumes).
Quanto a “Eurico, o Presbítero”, é considerada como uma espécie de crónica-poema, ou poema épico em prosa. Herculano debruça-se sobre o período de transição entre a monarquia visigótica e a invasão da península pelos árabes (séc. VIII). A acção central gira em torno dos amores irrealizados de Eurico. Filhos de famílias com origens sociais diferentes, Hermengarda e Eurico estavam enamorados, mas o pai desta não consentiu no casamento. Desiludido, Eurico torna-se presbítero e, como guerreiro, participa na luta contra os visigodos. Transformado em herói, decide libertar Hermengarda, aprisionada pelos árabes. Leva-a até à gruta de Covadonga onde ela acaba por reconhecê-lo após dez anos de ausência. A impossibilidade de realizarem o seu amor leva Hermengarda à loucura e Eurico a entregar-se voluntariamente à morte. Alexandre Herculano pretende evidenciar os malefícios do celibato sacerdotal e fazer uma análise histórica da época a que se reporta.